Mudando o jeito de ser e de viver

Cresce o número de pessoas nos consultórios médicos, farmácias e hospitais na busca de uma “pílula mágica” para um “mal-estar” crescente.
Ele pode se manifestar através de tensões crônicas e generalizadas pelo corpo e por meio dos mais variados problemas físicos, aliados a ansiedade, irritabilidade, falta de paz de espírito e uma inquietação, que chegam a sufocar. No curto prazo, essas pessoas podem até obter alguns resultados:
um remédio para diminuir a insônia ou um antidepressivo que acalma momentaneamente os sintomas.
Mas só isso não resolve; é necessário encontrar as causas, promover mudanças, ir no âmago do problema para conseguir curar-se.
A saúde mental exige respostas mais profundas e duradouras, sem a dependência de medicamentos, que não raro perdem o efeito com o passar do tempo.
Nesse caso, a memória corporal, tendo registrado as ansiedades, angústias, impaciências e irritações, reage mais tarde, desencadeando novos sintomas físicos.

Se nos sentimos estressados no trabalho, a adrenalina permanece em nosso corpo por horas (dias até), tornando-se bem mais irritados do que costumamos ser.
A mesma irritação e falta de paciência extrapola para o ambiente doméstico, gerando outros atritos na vida a dois e mais dificuldades no relacionamento com os filhos. O aumento absurdo de stress nos últimos tempos tem afetado muito a instituição casamento/família. Aí reside um dos motivos
mais freqüentes dos altos índices de divórcio e separação de casais.

As pressões externas (que vêm de fora, do mundo), associadas às pressões internas de cada um, geram um stress quase insuportável. Por isso, perceber as pressões internas e administrá-las é o melhor caminho para começar a controlar o stress. Essa é a única pressão que podemos neutralizar. Ou você ainda tem esperança de que, sozinho, conseguirá mudar a economia do país, o desemprego, a fome, a cara feia do chefe, a produção da empresa ou as limitações do colega de trabalho?

O seu jeito de ser, de viver e de experimentar a vida só você mesmo é que poderá mudar. Já pensou nisso? Já reparou, por exemplo, que à hora da morte as pessoas nunca dizem que gostariam de ter ficado mais tempo no trabalho ou atingido mais metas nos negócios? Um dos maiores escritores desse século, o argentino Jorge Luiz Borges, disse, pouco antes de sua morte, aos 80 e poucos anos de idade:

"Se eu tivesse minha vida para viver novamente, eu ousaria cometer mais erros da próxima vez, eu relaxaria, eu me tornaria mais flexível... eu seria mais brincalhão do que tenho sido. Eu aproveitaria mais oportunidades, eu escalaria mais montanhas e atravessaria mais rios, eu comeria mais sorvetes e menos feijão...

Talvez eu tivesse mais problemas concretos, mas teria menos problemas imaginários...

Como você vê, sou daquelas pessoas que vive sensivelmente e de forma sã, hora após hora, dia após dia.

Oh! Tive meus momentos e, se os tivesse novamente, teria um número maior deles.

De fato, eu não tentaria ter nada mais do que isso, somente momentos, um após outro, ao invés de viver tantos anos na frente de cada dia.  Fui do tipo de pessoa que jamais vai a algum lugar sem um termômetro, uma garrafa de água quente, uma capa de chuva e um pára-quedas...

Se eu tivesse de ir novamente, iria com muito menos bagagem.

Se tivesse minha vida para viver novamente, 

eu entraria descalço na primavera e assim permaneceria até o final de outono.

Eu iria mais a festas...

Eu andaria mais vezes de carrossel...

Eu colheria mais margaridas."

Ler inúmeras vezes essas “confidências”, e refletir sobre como elas se parecem com as nossas sensações, pode nos ajudar a repensar o nosso estilo de vida e a diminuir os danos do stress diário à nossa saúde mental e emocional.